29 de setembro de 2005

Mercado Livre


A Regina Casé está mostrando no FANTÁSTICO uma série de reportagens sobre a cultura musical de cada região do país. No domingo passado, falou do FUNK carioca, do FORRÓ cearense e do BREGA Pernambucano. Nas próximas semanas deve abordar o resto do país.

Achei super interessante. Identifiquei-me até, porque a cada estado por onde a gente passa a sensação é sempre a mesma: existe, sim, uma elite escutando música boa, mas, sempre há uma maioria do povão perturbando com todo aquele sertaNOJO, "pagode" (desculpe-me Beth Carvalho, Zeca e Bezerra), merengue/calipso (blegh!), ou BREGA (que não é nenhum desses outros aí).

O BREGA é um ritmo por si só, talvez tão ruim que chama-se brega simplesmente porque não conseguiram capitular em nenhum outro ritmo. Por isso o brega é BREGA... sem origem, mas com um certo futuro comercial, principalmente.

Segundo a reportagem, o gaúcho teria importado o XOTE nordestino e a MILONGA castelhana. Acelerou a batida, pôs novos instrumentos, mudou a harmonia e criou o VANEIRÃO. O cearense importou o VANEIRÃO gaúcho e conjugou-o ao forró pé-de-serra. Cantando letras de KELVIS DURAN, transformou tudo no que de forró só tem o nome: "FORRÓ SUINGADO".

O Kelvis é um maluco brega que em Pernambuco agrada gregos e troianos. Veste-se como dark, ama vampiros e pinta os olhos de preto. A música dele é uma espécie de praga que gruda em tudo. A música "que tontos, que loucos somos nós dois" toca em todo e qualquer alto falante que funcione. Não há como se esconder. Ouve-se o BREGA até nos ônibus (e principalmente neles). Isso reflete até na "economia informal", pois para ganhar-se dinheiro no RECIFE (entenda-se "sobreviver" ou "não morrer de fome") basta apenas ligar um CD PLAYER, um alto-falante, assar uns espetinhos de "filé-miau" e fritar umas batatas-fritas de assepsia meio duvidosa.

Mas, nem tudo é brega por aqui. O forró pé-de-serra, difundido por Gonzagão, encontra em Santana e Geraldinho Lins seus maiores expoentes. Esse eu teço rasgados elogios, pois são artistas na essência da palavra. Ainda salva-se também "Os Magníficos", grupo de forró do interior da Paraíba que alavancou a fama na base simples da fórmula "tradição mais talento igual a sucesso". Vale assistir o DVD dos caras que cantam o amor com poesia e conotação romântica, ao contrário das dores-de-corno que enfadam nosso cancioneiro nacional.

Não tenho tola a pretensão de mudar o Brasil – nem poderia, se tentasse. Mas, que o Brasil poderia melhorar, Ah! poderia! Ouvi pela vida toda alguém dizendo aqui e ali que o Brasil não tinha mais jeito e que esse país não tem mais solução. Ao mesmo tempo algo inquietante me diz que esse país SERÁ um dia a maior potência mundial, seja economicamente, seja socialmente, seja politicamente, seja o que for, seremos melhores em tudo, pois temos matéria-prima em todos os sentidos. Gente, criatividade não nos falta. O que falta é essencialmente EDUCAÇÃO e, talvez, uma dose de MOTIVAÇÃO.

Mesmo que nosso futuro promissor ainda esbarre na nossa cultura colonial e servilista, ainda acredito nesse povo, e quero continuar assistindo toda a série de reportagens da Regina Casé para ter mais idéia do que rola por aí.

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