3 de setembro de 2006

Crer em quê?


Graças a Deus, aconteceu o que eu queria: o Brasil perdeu a Copa.

Algumas máscaras caíram. Mas não foi uma simples desclassificação como a dos argentinos, que saíram nos pênaltis, após terem lutado até o fim. A Seleção decepcionou, perdeu para ela mesma; para a própria falta de motivação. E como isto está nos fazendo bem! Nós mesmos talvez nem estejamos percebendo o quanto esse fato nos poupou algumas fraudes eleitorais. Agora o brasileiro não acredita em mais nada. Perdemos a fé, a nossa incessante capacidade de acreditar, de sonhar e de esperar. Aliás, perdemos a esperança.

Já não acreditamos mais em mudanças, em paz e amor, em esperança vencendo o medo. Também duvidamos a respeito do crescimento prometido, do desenvolvimento sustentável e de que o nosso Presidente "não sabia de nada".

Semana passada algumas pesquisas revelaram que a população não assiste os programas eleitorais obrigatórios. Isso não é nenhuma novidade. E isto talvez se explique pelo fato de que os programas eleitorais (enfadonhos e obrigatórios) são obras de ficção de baixíssimo custo e péssimo gosto.Além disso os diretores pecam no roteiro e os atores erram os textos e não conseguem transmitir verdade na fala que balbuciam ou, às vezes, declamam. Mas, para mim, o err mais crasso está no continuísmo. A mudança de discurso nos bastidores (fora do show) é, no mínimo, lamentável.

Amo futebol, mas aos poucos, estamos descobrindo que não temos a melhor seleção da galáxia e que a Pátria de Chuteiras não é o país do futebol pelos próximos quatro anos.

Temos um território demarcado por Portugal. Um Estado criado por Portugal, Um povo colonizado por Portugal. Mas, aos poucos estamos descobrindo que uma nação é constituída por um governo também eleito pelo povo, e não ao contrário.

Com criticidade, e, ultimamente, "aos muitos", estamos percebendo que as principais mudanças de qualquer nação devem vir de baixo para cima, e que nada deve ser imposto (com perdão pelo trocadilho).

Aos poucos, vamos peneirano os políticos pela vida pregressa e não pelas promessas de futuro. Vamos descobrindo o quanto nosso Presidente sabia ou não que era o testa-de-ferro de uma quadrilha, ou, pelo menos, o quanto deveria saber, se é que a omissão de um estadista diminui a sua responsabilidade.

Já tenho certeza a respeito dos "Quarenta Ladrões", mas muita gente ainda faz vista grossa a respeito do "Ali Babá".

Eu não assisto novela, porém, entre as mentiras do horário eleitoral obrigatório e as novelas, prefiro as novelas, pelo continuísmo, pela excelência dos atores e porque, pelo menos, eu sei que as mentiras das novelas quase sempre têm final feliz.

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