23 de outubro de 2006

Pane nos radares da Região Sul atrasa vôos no país


Pelo menos 81 pousos e decolagens tiveram de ser retardados no Salgado Filho, causando um efeito cascata que afetou usuários em outras partes do Brasil

Duas panes no centro de processamento de dados do sistema de controle do tráfego aéreo da Região Sul atrasaram a metade das 178 chegadas e partidas de aviões no Aeroporto Internacional Salgado Filho entre quinta-feira e as 17h de ontem. O problema, que teve efeito cascata, retardou centenas de vôos em todo o país.

- "A última vez que aconteceu algo parecido foi há 20 anos" - explica o coronel-aviador Paullo Esteves, assessor de Comunicação Social do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA - RJ)*.

De acordo com o oficial, a pane no CPD do Segundo Centro* Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta II - Curitiba PR)*, cuja abrangência é o Rio Grande do Sul, o Paraná e Santa Catarina, iniciou-se na quinta-feira. Ao longo do dia, os radares ficaram duas horas fora do ar - tempo suficiente para retardar em até três horas aterrissagens e decolagens no Salgado Filho.

Às 9h30min de ontem os problemas voltaram a acontecer. Sem o controle do espaço aéreo por radar, os controladores de vôo tiveram de operar de forma manual. A operação é conhecida como "convencional" na linguagem da Aeronáutica.

Causas da pane ainda são desconhecidas
Na prática, significa que todas as informações captadas pelo radar são obtidas em conversas entre os controladores e os pilotos. Inexistem problemas de segurança, garante o coronel-aviador Esteves, mas atrasos são inevitáveis.

- "É como se você controlasse a sua casa pelo computador. Na tela, você veria a sua mulher na sala, um filho no quarto, outro filho na cozinha. Se o computador não funciona, você precisa ligar para a mulher e para os dois filhos para saber onde eles estão e o que estão fazendo. O seu controle é o mesmo, mas demora mais - detalha Esteves, usando uma metáfora para exemplificar".

No Salgado Filho, os atrasos médios, na quinta-feira, foram de duas horas. Ontem, com a persistência do problema pelo menos 34 chegadas e partidas demoraram uma hora além do normal.

Conforme a assessoria de comunicação da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) no Rio Grande do Sul**, o aeroporto Salgado Filho registra, em média, de cinco a seis atrasos nos vôos.

A previsão da Aeronáutica era reiniciar o controle das aeronaves com uso dos radares a partir do início da madrugada de hoje.

Até ontem era desconhecido o motivo pelo qual a centro de processamento de dados do Cindacta* entrou em pane.




* correção da matéria original.
** no Aeroporto Internacional de Porto Alegre - Salgado Filho - a INFRAERO administra os serviços aeroportuários de Segurança, Operações, Administração, Engenharia e Manutenção. Os Serviços de Navegação Aérea (Plano de Vôo, Meteorologia, Telecomunicações e Controle de Tráfego Aéreo) são operados pela Força Aérea Brasileira.

Fonte: Zero Hora, dia 21 de Outubro de 2006.      Edição nº: 15034

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