15 de dezembro de 2006

Privatização da INFRAERO


Empresas querem privatização; FAB resiste
Para companhias, medida daria mais agilidade para atender a demandas como a de ampliação de Guarulhos. Depois de sugerir a saída dos militares do controle do tráfego aéreo, as empresas de aviação defenderam ontem, em reunião com senadores da comissão externa que analisa a crise no setor, no comando da Aeronáutica, a privatização da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). A idéia enfrentou resistências não só da Força Aérea, como também da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Não havia representantes da Infraero na reunião. O presidente da empresa, José Carlos Pereira, estava em uma sessão no Congresso para a qual foi convocado e não falou sobre a proposta.

Ele lembrou que a FAB investiu em construção de inúmeros aeroportos pelo País e nunca ninguém se interessou pelo setor. A Anac disse que, dos 67 aeroportos administrados pela Infraero, apenas 11 são lucrativos. O de Tabatinga, no interior do Amazonas, por exemplo, ia ficar sem recursos em um modelo diferente do atual, uma vez que os superavitários sustentam os deficitários. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), presente ao encontro, rebateu a tese argumentando que 'diziam a mesma coisa quando o governo Fernando Henrique quis privatizar as teles e ninguém viu faltar telefone em nenhuma cidade do interior do seu Estado'.

Ao defender a privatização da Infraero, o representante das empresas aéreas, Paulo Castelo Branco, que também integra a direção da TAM, afirmou que 'as empresas aéreas vêm crescendo a taxas chinesas e isso não é acompanhado pela infra-estrutura governamental, inclusive a Infraero, porque faltam recursos'. 'Será que não chegou o momento de se discutir no Congresso e com os agentes envolvidos um modelo que passe pela privatização da Infraero ou por parcerias público-privadas que permitam às empresas aéreas, à semelhança do que existe nos Estados Unidos e na Europa, terem facilidades construídas nos aeroportos brasileiros, para ganhar agilização no processo?' Castelo Branco foi apoiado pelos senadores presentes, que prometeram reabrir essa discussão no início de 2007.

Ao sugerir a privatização dos aeroportos e admitir que ela possa ser feita aos poucos, o representante das empresas aéreas citou como exemplo o aeroporto de Guarulhos, 'que clama por um terceiro terminal, mas não há recursos para construí-lo e é preciso ter novas pistas de pouso e decolagem'. 'Vamos acabar com os dogmas. Eu defendo o debate amplo.'

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, contrário à proposta, contra-argumentou, falando sobre os aeroportos construídos pela FAB, principalmente na Amazônia, justificando que empresas privadas nunca se interessaram por investir em locais mais longínquos e sem rentabilidade. Em seguida, foi a vez de o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, completar o discurso de Bueno. "O debate é sempre importante, mas não vamos fazer como fizemos com as estradas, quando só fizemos licitação nas que eram lucrativas e as outras estão por aí."

Quanta vaidade!!!
A reunião teve um momento de tensão e surpresa absoluta com a postura do comandante da Aeronáutica, narrada por vários presentes. O brigadeiro, ao encerrar o encontro, apresentou uma queixa formal, considerada por alguns dos presentes como 'destemperada' e 'descabida' contra a empresa aérea Gol. Disse que queria apresentar uma queixa contra a Gol, por não ter recebido um único telefonema da empresa aérea, agradecendo o trabalho feito pela FAB por ocasião do acidente aéreo que matou 154 pessoas. Surpreso, o representante da empresa justificou que a Gol ligou sim para um determinado brigadeiro. 'Mas ele não é o comandante da Aeronáutica. A ligação não foi para o comandante', afirmou, irritado, Bueno. O representante das empresas aéreas na reunião aproveitou para se queixar da não-liberação das áreas nos aeroportos ainda em poder de companhias falidas, como Vasp e Transbrasil, ou com problemas, como a Varig estava.


RAIO-X DA INFRAERO
67 aeroportos: são administrados pela estatal
32 terminais de carga: Estão a cargo da empresa
13%: É o porcentual previsto para o setor crescer este ano, depois de 19,4% em 2005
R$ 950 milhões: Deverão ser injetados na Infraero pelo uso da estrutura aeroportuária somente este ano
R$ 400 milhões: Devem ser pagos pelos passageiros este ano, referentes às taxas de embarque,  uma das mais altas do mundo
R$ 2,8 bilhões: É a quantia que a estatal tem capacidade de investir no período
R$ 7 bilhões: É quanto o presidente da Empresa Brasileira de infra-estrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José Carlos Pereira, diz ser necessário para adequar os aeroportos às necessidades do mercado, até 2010.

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