23 de março de 2007

Brasil inova e retira vesícula de paciente pela vagina


Cirurgia permite que paciente se alimente logo após operação e causa menos dor

RIO - Uma equipe médica brasileira dirigida pelo doutor Ricardo Zorrón retirou a vesícula de uma paciente através da vagina, mediante uma técnica de cirurgia endoscópica, o que representa um fato inédito no mundo da medicina, na quarta-feira, 21. Em declarações, o doutor Zorrón, cirurgião e coordenador de um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explicou que a cirurgia endoscópica por orifícios naturais é uma linha de pesquisa desenvolvida também por outros países, mas até agora só tinha sido praticada em animais. Sua equipe realizou na quarta-feira com sucesso a primeira intervenção que se conhece em humanos com uma técnica que, segundo Zorrón, pode "revolucionar" a medicina.

O conceito de Notes (sigla que responde ao termo em inglês Natural Orifice Translumenal Endoscopic Surgery, ou cirurgia por orifícios naturais) utiliza "endoscópios flexíveis", que já são utilizados para experiências médicas no intestino grosso, por exemplo, e "protótipos de instrumentos" cirúrgicos que ainda não são encontrados no mercado. A paciente operada tinha cálculos na vesícula e seu órgão devia ser retirado. Para isso, podia optar por uma cirurgia tradicional, que exige uma incisão no abdômen, ou por este novo procedimento. Através da nova técnica, a equipe extraiu a vesícula por uma incisão feita na vagina pela qual tinha sido previamente introduzido o endoscópio.


Vantagens

Algumas das vantagens para o paciente é que "não há dor", ele pode se alimentar pouco depois da operação e reduz os riscos de complicações, como o de uma infecção. A operação tem uma duração menor e a cicatrização no órgão interno é muito mais rápida, em geral um dia, explicou Zorrón, ressaltando que é "uma cirurgia menos agressiva". Acrescentou que a idade do paciente é importante para qualquer tipo de intervenção e neste procedimento também, já que a endoscopia utiliza um gás menos tolerado em idosos.

A equipe de pesquisa trabalha há um ano e meio no procedimento cirúrgico por orifícios naturais, também estudado por outros centros internacionais, como o Johns Hopkins, de Baltimore. As pesquisas fora do País se concentram em cirurgias através do estômago e da boca, que são mais complicadas e, segundo Zorrón, se limitam a animais. A técnica ainda precisa ser aperfeiçoada, entre outras coisas para aplicá-la também nos homens. Os resultados deste trabalho serão divulgados em publicações científicas.

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