23 de março de 2007

Campanha da Brasil Telecom dá mau exemplo


Solidariedade, que nada!
Laura Seligman

Nas últimas semanas, uma série de comerciais da operadora de telefonia BrasilTelecom convida o telespectador à desordem social. Num deles, uma idosa tenta subir escadas com muita dificuldade, ao som de trilha melancólica. Eis que uma jovem se aproxima e oferece ajuda. A idosa agradece num educado "por favor". É aí que desanda a maionese. A moça responde que por favor não dá, mas por uns 15 reais...

No outro comercial da série, uma mulher, ao estilo executiva, caminha rapidamente quando tropeça e cai com violência ao chão. A situação é constrangedora. Um homem, terno e gravata, se aproxima e oferece ajuda. Quando ela, machucada, aceita, ele anuncia o preço: 15 para socorrê-la, 30 se tiver que juntar o que caiu ao chão.

O consumidor mais desavisado deve se perguntar por que um anúncio desse tipo é mantido no ar. Há pouco tempo, assistíamos aos belos filmes publicitários produzidos pela Fundação para Uma Vida Melhor (www.umavidamelhor.org), estimulando valores como amizade, gratidão, integridade, caráter. O choque entre o que norteia uma série e outra é inevitável.

No Brasil, anúncios publicitários necessitam de denúncia e longos processos para saírem de circulação. O processo exige que alguém que se sentir ofendido faça a requisição junto ao Conselho de Auto-regulamentação publicitária – CONAR (www.conar.org.br).

Mais do que reclamar sobre a lentidão e a burocracia exigida para que se intervenha no conteúdo publicitário, é preciso criticar duramente o vale-tudo usado por agências e clientes para vender qualquer tipo de peixe. Os comerciais de cigarro no rádio e na televisão, proibidos desde 1971 nos EUA, 1974 na Alemanha e somente desde 2003 no Brasil. Até então, tudo era permitido para vender tabaco: mostrar que quem fuma ficava bonito, charmoso, valente, heróico, inteligente.....nada disso.

Comete o mesmo pecado a BrasilTelecom quando tenta dizer que nada é de graça hoje em dia, somente alguns de seus produtos (era essa a idéia da peça publicitária). Para melhorar sua imagem, mostra-se um mundo em que tudo vale e tudo é permitido. É a esse conceito que o cidadão comum fica exposto.

Que as denúncias sejam feitas.

Fonte: UNIVALI Notícias

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