31 de julho de 2007

Porque Rossano recusou


O que mais pesou na decisão do ex-presidente do Banco do Brasil Rossano Maranhão de recusar a presidência da Infraero foi a força da corrupção que domina a empresa.

Ele deixou isso bem claro ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao sugerir a troca dos diretores e dos superintendentes regionais da Infraero, todos indicados por políticos.

Técnico obcecado por resultados, Maranhão se comprometeu com o ministro a integrar o Conselho de Administração da estatal, cuja principal missão será definir o processo de abertura de capital da empresa. Como homem do sistema financeiro, ele sabe que a venda de ações da Infraero será um fiasco se os investidores perceberem que a estatal continua loteada entre os partidos da base aliada e sem compromisso com a transparência e projetos consistentes, com boas perspectivas de lucro.

Para que Maranhão entre no Conselho de Administração da Infraero, basta que o governo promova uma mudança no estatuto da empresa. Da forma como está hoje, só são permitidos seis integrantes — o ministro da Defesa, um representante indicado por ele, um do ministério do Planejamento, o presidente da Infraero, um membro do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e um indicado pela Agência Nacional de Aviação (Anac). No conselho, acredita Maranhão, ele poderá cobrar tudo o que está sendo feito pela Infraero, fiscalizar contratos e impor metas aos diretores executivos. Normalmente, o Conselho de Administração se reúne uma vez por mês. Nos últimos anos, porém, as reuniões só serviram para homologar decisões de diretoria, sem nenhum questionamento.

Maranhão deixou a presidência do Banco do Brasil no final do ano passado, depois de ter demitido uma série de petistas envolvidos em escândalos como o mensalão e a compra de um dossiê fajuto contra políticos do PSDB. A “despetização” do BB, no entanto, lhe custou muita dor de cabeça. Preferiu o conforto de um cargo de diretor no Banco Safra, onde recebe mais de R$ 50 mil por mês.


Vicente Nunes
Da equipe do Correio Brasiliense

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