10 de dezembro de 2008

Reza e crise (crise, que crise?)...

Em seu mais recente discurso, na cidade de Colinas, Tocantins, o presidente Lula não inovou ao conclamar os ouvintes a consumir, nem dizendo, sem dar nome aos bois, que "tem gente rezando para que a crise pegue o Brasil, para o Lula se lascar".

A peroração presidencial aparenta mais ser uma atitude preventiva de autoproteção para quando, e não se, a "tal" crise se aprofundar em terras tupiniquins.

Sim, porque enquanto o seu futuro homólogo Barack Obama diz que tudo irá piorar antes de melhorar, Lula fala em "propaganda sistematizada em favor da crise". Ato contínuo inverte a lógica de sua fala ao declarar que "nós temos que falar da crise porque ela é profunda" -, para depois conclamar a platéia a seguir consumindo, na medida do possível, o que todos fariam de bom grado não fosse o temor gerado pelas notícias de férias coletivas e dos estoques abarrotados das montadoras brasileiras.

Especulações
Se não havia razão para o petróleo custar US$ 150, mero fruto da especulação, segundo ele, o que dirá se as expectativas da Agência de Energia dos EUA, de que os preços do óleo deverão atingir US$ 25, vierem a se confirmar? Especulação, afinal, se dá nos dois sentidos, para cima e para baixo... O presidente, por precaução, abandonou temporariamente a propaganda que fazia dia sim, outro também, do pré-sal, evidentemente inviável aos preços atuais.

Em uma gigantesca simplificação a respeito dos efeitos e ameaças à economia do Brasil, Lula não diz que a arrecadação de impostos está em queda, tampouco aborda a questão da ameaça às contas públicas embutida nos demagógicos e irresponsáveis projetos de modificação das aposentadorias, de autoria do senador petista Paulo Paim (RS), que o governo agora subjetivamente endossa.

Mestre na arte de dourar a pílula
O presidente sabe perfeitamente o quanto sua popularidade depende do desempenho da economia. Logo, quanto mais conseguir postergar a percepção do alcance da crise pelas pessoas, melhor para ele. Atitude compreensível como gesto de autopreservação e coerente com a superficialidade, falta de compromisso e fugacidade de suas falas.

A respeito de medidas efetivas para reduzir os custos dos empréstimos bancários nem uma palavra sequer. Uma delas, ao pleno alcance do governo, seria baixar substancialmente o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), cuja alíquota está em 3,38% para as pessoas físicas.

Afinal, isso representa (e se soma a ela) quase 25% da escandalosa taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Segundo o site do Banco do Brasil, em nove de dezembro, o custo efetivo (real) dos empréstimos no cheque especial para clientes com 75 pontos de relacionamento é de 193,27% ao ano (!!).
Mas, como não há, nas suas palavras, país mais preparado para enfrentar a crise, quem achar isso suficiente poderá dormir sossegado.

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