Dizem os manuais de jornalismo, com acerto, que é preciso dar a conhecer ao leitor os dois lados de uma disputa sobre a qual se faz uma reportagem. Mas é um erro confundir essa máxima com a obrigação de ser totalmente neutro em relação aos fatos relatados e, comodamente, se esconder sob a "capa da neutralidade".
A explosão de temperamento do ministro Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada e sua altercação com o presidente da casa, Gilmar Mendes, representam um desses eventos que exigem uma tomada de posição clara.
Os fatos são do conhecimento de todos. O vídeo do diálogo áspero travado entre Barbosa e Mendes foi ostensivamente exibido pelos telejornais durante toda a semana.
A revista VEJA desta semana, relata o caso em uma reportagem que, com toda a clareza e transparência, mostra as tensões latentes entre os dois ministros mas condena a atitude de Joaquim Barbosa.
Seu erro? Acusar Mendes de ter "capangas" sem ter disso a mais mínima prova e apenas por ter lido em panfleto partidário uma nota a respeito.
Ora, um ministro do STF não pode se irritar daquela maneira, tampouco dar notoriedade a um boato de rua contra o presidente da casa durante uma sessão oficial. Pode fazer isso nas rodas de chope. Jamais durante o exercício constitucional das suas funções no mais egrégio Tribunal deste país. E logo Joaquim Barbosa, um dos mais cultos, elegantes, corajosos e independentes ministros do STF !!!
Uma pena. Se o próprio STF começar a deixar as emoções embaçar a visão cristalina dos fatos, a quem os brasileiros agravados poderão recorrer como última instância?
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