7 de junho de 2011

Do paternalismo assistencialista político, à inércia sindical

Enquanto os aeroportos já começam a ser privatizados, nosso sindicato reage com muito discurso, pouca ação e muita inocência! 


O anúncio da concessão de três aeroportos brasileiros à iniciativa privada, já planejada anteriormente, foi realizado nesta terça-feira, 31, pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República. A notícia foi dada após a reunião da presidente Dilma Rousseff com os prefeitos e governadores das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.

Durante a semana, o Sindicato Nacional dos Aeroportuários (SINA), vem reagindo com um discurso de quem pensou que estava com o barco no mar e que a pesca estava garantida só porque a Dilma é do ParTido. Pensaram que o presidente iria sentar na "mesa redonda" e exigir salários, promoções, benefícios, cursos, garantias e participação nos lucros. Pensaram que aquela coisa toda de exigir direitos, resistir, reagir, propor melhorias serve só quando o sindicato é da "oposição". Enfim, sentiram-se traídos porque a presidente não levantou o estandarte da resistência que o próprio SINA deveria envergar.
"A liberdade jamais será doada voluntariamente pelo opressor; ela deve ser exigida (conquistada) pelo oprimido" - Martin Luther King, Jr
Ei, dirigentes do SINA! Acordem!!! Essa conversa de "dicussão nas bases" e "de consciência em relação ao momento político" é conversa mole para boi dormir. Parece mantra político para nos acostumarmos com o pior, quando o pior vier.

Enquanto o SINA está enviando email e esperando as "bases filosofarem", os donos do capital e viraram a "mesa redonda" do sindicato bem debaixo da barba dos "companheiros", com propostas rentáves, com exigências de toda a sociedade... e AGIRAM, ao invés de esperar pelo governo.

Enquanto a imprensa denegria a imagem da Infraero... o que nós estávamos fazendo? Alguém aí reagiu às mentiras? Alguém criou blog, postou em facebook, twitter ou reagiu?

Agora o SINA se sente traído pelo quê? Tratam as decisões do governo como dogma. Entenderam todas as estratégias do governo Lula. Aceitaram os desmandes políticos e militares dentro da nossa empresa. Tudo como algo imutável.

O SINA trata as contrariedades como traição, como se a relação sindical fosse paixão, amor e ódio e como se funcionário que não concorda com inércia do sindicato não fosse merecedor de ser ouvido.

E a proposta mais piadista da semana foi a de FILOSOFAR nas BASES sobre a situação política atual.

Senhores! o momento de filosofar foi no ano passado, antes das eleições. Agora é hora de agir, de cobrar, de fiscalizar!

Se a Presidente Dilma cedeu à direita, foi porque a direita foi mais eficiente e atacou exatamente os aeroportos que tem poder de decisão nas assembleias trabalhistas (coincidência né?). O que vocês (do SINA) esperavam? Que a Dilma encabeçasse uma resistência que  nem vocês mesmos encabeçaram ainda ? Pois é... cochilaram e o cachimbo caiu. A direita foi lá e pimba!

Esqueceram que a presidenta de vocês é a presidente de TODOS os brasileiros?

REAGIR, que é bom, com PROPOSTAS, com GREVE, com exigências, impondo seu direito? Isso vocês não querem, e ficam passando a responsabilidade para massa, para dizer que os trabalhadores são desunidos!

Até um leigo como eu sabe que não podemos esperar outra coisa do governo petista senão apenas uma liberdade sindical de resistir e se manifestar sem apanhar da polícia. 

Porém, nossos sindicalistas continuam pensando que a opressão acabou pelo simples fato de elegerem a Dilma. 

Demonstram não ter nenhuma visão sistêmica de mercado globalizado, de capitalismo e nem mesmo de luta sindical. Quem sabe agora acordem do sono eterno e saiam do berço esplêndido em que repousam inertes, e percebam que ou você luta de forma organizada, encabeçada por lideranças sindicais (e não passando a bola para "as bases"). Discutindo exaustivamente as estratégias no âmbito (do sindicato, e não das bases, pois para isso foram eleitos representantes de categoria) e resiste, com liderança (a não ser que ainda haja um Sassá Mutema escondido por aí).

Se fosse a direita no governo, já teriam paralizado, feito greve, reagido, RESISTIDO!
 

Ou então, continua com o discurso cor de rosa, jogando toda a responsabilidade às bases;  continua sonhando com uma coesão acéfala, sem liderança, permeada por mensagens em letras garrafais, com erros de ortografia que servem apenas para promoção de nomes dos que viajam pela SinaTur...

Que mal o paternalismo assistencialista tem causado em nosso sindicato!!!

Quanta inocência política e sindical, hein, SINA !!!



Apenas uma dúvida ainda paira no ar: porque, quando a direita vende estatal, o nome é "privatização", mas quando a esquerda abre capital de empresa pública o nome é "aceleração do crescimento?"


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