2 de julho de 2011

Para cada geração diante da TV, um tema inesquecível

Há mais de 60 anos, a televisão entrou na vida dos brasileiros, trazendo não apenas produções nacionais, mas também o que se costumava chamar de “enlatado”. Algumas de suas músicas marcaram época. 

Por Solange Noronha via Opinião e Notícia


O tecladinho sinistro de “Além da imaginação”; os curtíssimos sons por trás dos títulos em “Lost”, “24 horas” e “Heroes”; os acordes instrumentais do rock “Tom Sawyer”, do Rush, anunciando na Globo o início de “Profissão: Perigo”, ou os de “Teardrop”, do Massive Attack, nos créditos de “House”. Quem cresceu vendo televisão certamente tem um monte de temas de abertura de seriados na lembrança. Há uma geração que sabe de cor a música do “Bat Masterson” e até a do “National Kid” — e com “letra”, mesmo não falando uma palavra de japonês! Alguma dúvida de que é o mesmo caso da geração de “Jaspion”? Para os que eram pequenos nesta época, cantar o tema de “Spectreman”, em inglês, era, com ou sem trocadilho, brincadeira de criança.

Spectreman
Brincadeira é palavra que vem logo à mente com as tais musiquinhas marcantes — tanto que há na internet alguns jogos para se testar a memória com trechos de aberturas de séries e outros programas de TV, como os Flashpops. Cinéfilos de carteirinha também encontram opções disponíveis — mas trilhas sonoras de filmes são um capítulo à parte, e ainda mais longo: afinal, no cinema elas podem funcionar como falas, como as obras de Sergio Leone, que considerava o compositor e maestro Ennio Morricone seu dialogista.

Anos de repetição
No caso dos seriados, o que fica na lembrança é muitas vezes um pedaço de música, para sempre associado a eles devido aos muitos anos de repetição — geralmente, são as sitcoms que têm uma canção de apresentação completa, como “Friends”, “Um amor de família” (“Married with children”), “Louco por você” (“Mad about you”), “Uma maluco no pedaço” (“The fresh prince of Bel-Air”), ou mesmo “South Park”, série de animação. Quem tem o canal TCM, por exemplo, ainda hoje pode ver as aventuras vividas por MacGyver (Richard Dean Anderson) entre meados de 1980 e o início dos anos 90 — e, claro, ouvir a abertura “oficial”, composta por Mike Post, um campeão no quesito, com muitos prêmios na bagagem. São dele, por exemplo, os temas de “Esquadrão Classe A” (recentemente levado para o cinema), “Law & Order” (ainda no ar, no Universal Channel), “Magnum” (outro que andou passando no TCM) e tantos mais que ele mereceu até uma homenagem de Pete Townshend, do The Who, na música intitulada “Mike Post theme”.


MacGuyver
A banda britânica, aliás, comparece em todos os “CSI” — no original, ambientado em Las Vegas (“Who are you”); em Miami (“Won’t get fooled again”); e em Nova York (“Baba O’Riley”). Nascido na década de 1960, o The Who talvez tenha ganhado novos fãs com os seriados, enquanto outros grupos, mais recentes, certamente devem sua descoberta às séries de TV, pois não é raro alguém chegar a uma loja de discos procurando “a música que toca no programa tal” — pode pôr nessa conta o ótimo rock “When I am through with you”, do VLA, que abre “Damages”, exibida pelo AXN.


Retorno e novidades
Para reavivar a memória do público, ajudam a mencionada transposição para o cinema — na qual se inclui, entre outras, a célebre música de “Missão impossível”, de Lalo Schifrin — e o remake — categoria em que se enquadra “Havaí 5-0”, cujo tema é do já falecido Morton Stevens. Da sua geração, outros compositores famosos que alternavam cinema e televisão foram Jerry Goldsmith e Alexander Courage — este lembrado, especialmente, por “Jornada nas estrelas” e “Perdidos no espaço”.

Da geração de Mike Post, Mark Snow não fica atrás do contemporâneo em qualidade e quantidade — basta lembrar títulos como “Casal 20”, “Nikita” (a loura, que estreou em 1997), “Starsky & Hutch” (dupla que também foi parar no telão) e, “last but not least”, “Arquivo X”, com os mais que famosos agentes Fox Mulder e Dana Scully (David Duchovny e Gillian Anderson).

 Da nova geração, um nome já tem destaque garantido: Ramin Djawadi, que acaba de completar 37 anos e é filho de um iraniano e uma alemã. É dele toda a trilha sonora de “Game of thrones”, que voltará a ecoar na televisão por, pelo menos, mais uma temporada. A mistura de ritmos que Djawadi devia ouvir em casa fez bem ao rapaz, que se formou em Berklee, já foi indicado ao Grammy (pela trilha do filme “Homem de Ferro”) e ao Emmy (pelos seriados “FlashFoward” e “Prison break”) e recebeu prêmios — aqui compartilhados com parceiros — por “Batman begins” e “O bicho vai pegar”. A música de “Game of thrones” é épica, grandiosa e miscigenada como a série.

Escute-a com atenção enquanto aguarda episódios inéditos desta saga na HBO. Ou combata a ansiedade da espera brincando de relembrar com os amigos os teletemas da sua vida.

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