22 de fevereiro de 2011

Aparências, nada mais!

Claudio Schamis analisa herança maldita de governo Lula

Marcio Greyk quando entoou a música que serve de título para esse texto não estava de todo errado. Seria ele, então, um visionário? Uma Mãe Dinah do sexo masculino?

Podem me chamar de nostálgico, vai ver é coisa da idade. Afinal, quando vocês estiverem lendo esse texto, eu terei um dia de idade nova: 43 anos. Então… “aparências nada mais, sustentaram nossas vidas , ♫♫, e vendo onde a verdade se escondeu…”. Mas aviso antes de qualquer coisa, essa minha nostalgia não tem nada a ver com o Lula. E olha ele aí de novo. Se tivesse morto, diria que é o fantasma dele que anda me rondando. Mas não é não. Antes fosse.

Lembro muito bem como se fosse hoje. Era uma manhã ensolarada, uma brisa leve fazia com que as árvores dançassem ao ritmo do que seria um blues tocado em algum bairro de Nova York e então Lula apareceu e falou: “Eu não deixarei nenhuma herança maldita para o próximo governo”. Não sou eu quem está inventando isso. Saiu no jornal, em letras garrafais. Se bem que se tratando de garrafas…mas deixemos isso de lado.

Quem é que vai, então, explicar que tipo de herança foi essa deixada pelo governo Lula para o governo de sua escolhida? Imagina se o presidente fosse outro!

A herança deixada foi mais que maldita. Foi para lá de maldita. Foi super-hiper-mega-maldita. Se alguém tiver outra palavra, que fale agora ou me fale mais tarde. E que se cale quem for querer começar a defender o molusco barbudo. Chega! Já deu.

A tesoura que é necessário ser usada para cortar gastos do passado é tão grande quanto a soberba do governo passado que achava que gastar não era problema, que inchar a máquina não era problema, que desviar dinheiro não era problema – mas isso nem está sendo debatido agora. Isso são outros quinhentos. Ou seria mais? Melhor nem fuçar.

É claro e óbvio que vai aparecer alguém e dizer que apesar do Lula ter inflado os gastos, as taxas de desemprego caíram, a renda do brasileiro melhorou, o acesso ao crédito. E daí? É aquela velha história do cobertor curto demais que se for cobrir o pé, deixa o tronco todo no sereno e se for cobrir o tronco, a canela e os pés ficam de fora. Nessa hora, é sempre bom usar o bom senso, a ponderação, o equilíbrio, mas isso seria exigir muito de Lula. E por falta de pessoas que tivessem coragem de dizer isso a ele, deu no que deu. Não vou nem me dar ao trabalho de começar um “(Não) Vale a pena ver de novo” pois, se depender de mim, quero é nunca mais ver. Nem ao vivo, nem pintado, muito menos em bronze. Só me falta isso. Já batizaram um campo de petróleo com seu nome. Chega, né? E ele, como eu disse, nem foi dessa para melhor. Imagina quando for!

E foi. Foi logo nos primeiros dias de governo que Dilma viu e sentiu na pele o tamanho do abacaxi deixado pelo todo poderoso e agora ex-presidente Lula. Só no segundo mandato, Lula, já sabendo que não teria outra chance, abriu a torneira e com isso os gastos aumentaram 78,4%, ou para quem gosta de algo mais palpável, algo em torno de R$ 282 bilhões. E agora para a emenda não piorar o soneto, fala-se em suspender concursos públicos e outras medidas nunca antes na história desse país pensadas por gente do PT.

Mas devemos já saber que na política nada se cria, tudo se transforma conforme for a melhor música para a banda passar e tocar. Quem não se lembra quando Collor instalou o medo dizendo que tínhamos que tomar cuidado em eleger Lula, pois ele iria confiscar todo o dinheiro da poupança. Lula não se elegeu na ocasião, mas foi Collor quem fez isso e calou o país em seu primeiro dia de governo. Ainda falando em Collor, ele hoje aparece sorrindo, reeleito e de abraços e afagos com Lindberg Farias que, no passado, pintou a cara para tirar Collor do trono. E muitos outros exemplos dessa pouca vergonha que é isso tudo. O Lula que o diga. Ele é o maior exemplo. Quando estava do lado B, ele não queria nem saber se o governo, o empresário, o diabo ou quem quer que fosse, dissesse que não poderia atender as solicitações da classe operária por x, y, z motivos. Agora que Lula esteve do lado A, ele nem queria saber que quem estava pedindo, às vezes implorando por uma compreensão maior, era o lado B, onde ele já esteve.

O que aconteceu com Lula? Essa é uma pergunta que faço e que muitos não sabem responder, principalmente seus defensores ferrenhos que hoje devem chorar a cada novo dia por não estar enxergando na Dilma, a nova presidente, o que Lula disse que seria. Tudo bem que ainda está cedo demais para qualquer “achismo”, só o tempo dirá se esse pessoal que hoje talvez já chore poderá voltar a rir. Uma coisa é certa, o Tiririca pode vir a ajudar.

Salvem as baleias. Não jogue lixo no chão. Não fume em ambiente fechado.

Mais recentes