27 de março de 2007

Farsa eleitoral


Os eleitores brasileiros estão perplexos e não acreditam mais em nada.
Fazem parte da base do governo um ex-presidente que ganhou do Lula uma eleição (Collor), e um candidato que perdeu para o Lula outra eleição (Ciro Gomes), o mesmo parecendo acontecer com Anthony Garotinho, que pertence eventualmente ao PMDB, partido que aderiu até o pescoço ao governo.

Tudo soa como uma farsa.
Os políticos de todos os partidos se atiraram com ânimo famélico sobre os cargos e sobre as verbas, não há mais cor partidária em jogo, todos são leitões da mesma porca e mamam nas fileiras de tetas fartas do poder.

Collor e Maluf alinhados com Lula retumba como um desaforo.
A classe política largou de mão o eleitorado e foi fazer a sua própria vida, garantida pela lei que lhe proporcionará de dois anos em dois anos eleições de voto obrigatório, com a imprensa auxiliando a maracutaia e espalhando que é atitude anticívica votar em branco.

O eleitorado que se lixe
O que importam são os acordos políticos e partidários pós-eleições, se o Braz é tesoureiro, a gente ajeita no final. O ex-ministro do Supremo Nelson Jobim foi escanteado da presidência do PMDB também pelo pretexto de que já tinha aderido ao Lula, pensava-se que o eleito para a presidência do PMDB, Michel Temer, fosse manter a independência e autonomia do partido, que nada, no dia seguinte negociou com Lula o recebimento de cinco ministérios.

Que coisa louca!
Os raros senadores e deputados federais que mantêm uma coerência ideológica e programática são sufocados pelas cúpulas partidárias e acabam tomados por um mal estar e desânimo existenciais, apartados do círculo do poder e emasculados por constrangimento da sua vocação oposicionista. Acabam silenciados pela desnutrição de sua autenticidade, desautorizados e vencidos completamente pela mácula de que suas siglas correram para os corredores do palácio para aderir incondicionalmente.

Aos eleitores não resta mais nada senão aguardar as próximas eleições
E renovar obrigatoriamente os mandatos dos sócios do poder. Não há eleitorado nenhum que por esse sistema possa modificar jamais este quadro sólido e estável de cerca de 600 parlamentares federais que mantêm há decênios governos iguais, escondidos atrás de máscaras terrivelmente enganadoras.

Virou tudo um bolo só.
Na política, ninguém tem mais time nem tem rival. Como é feio, segundo a imprensa (enganada pelos políticos), votar em branco, essa nossa democracia acabou por virar na pior ditadura: nas eleições, inacreditavelmente, não há vencidos nem vencedores. Todos são vencedores.

Mal as eleições terminam, eles correm para partilhar o butim.

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